A versão "paz e amor" perdurou do início ao fim dos dois dias de audiências no plenário da Primeira Turma, colegiado que vai julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de tentar dar um golpe de Estado no país.

Leia Mais

Se Bolsonaro e demais aliados esperavam abastecer as redes sociais com cortes que demonstrassem estarem diante de um carrasco, deram de cara com um relator sereno e descontraído, capaz de fazer piadas nas quais todos embarcaram.

Não é que Moraes simplesmente tenha acordado de bom humor. Nada foi por acaso. O ministro calculou sua própria postura para não alimentar a tese de perseguição política, nem abrir margem para alegações de cerceamento de defesa.

Ainda que alguns dos réus tenham se mostrado prolixos e pouco objetivos nas respostas, Moraes evitou interrompê-los ou adverti-los. Em reservado, as próprias defesas itiram que seus clientes ficaram verdadeiramente à vontade.

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), por exemplo, chegou a se desculpar por se alongar demais em uma resposta. Moraes o tranquilizou. "O interrogatório é o momento de autodefesa, então fique à vontade."

Momentos de mais tensão eram esperados na hora de ouvir Bolsonaro, com quem Moraes tende a não ter muita paciência, mas o ministro se manteve tranquilo, dando espaço para o próprio ex-presidente fazer uma brincadeira.

"Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026", disse rindo o ex-presidente, acusado de liderar a organização criminosa que, de acordo com as investigações queria até ass Moraes para tirá-lo do caminho do golpe.

"Eu declino", respondeu Moraes de pronto, com espírito esportivo e esboçando um sorriso no rosto antes de prosseguir com o interrogatório. A versão "relax" fez o ministro esquecer de relembrar Bolsonaro que ele está inelegível para o próximo ano.

Tópicos
Alexandre de MoraesJair BolsonaroPlano de golpe