A reportagem da revista mostra, por meio de capturas de tela de trocas de mensagens, que Cid teria mentido durante o depoimento prestado no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana, e violado ordem do ministro Alexandre de Moraes de não se comunicar no âmbito da investigação.
Os advogados de Cid pretendem pedir ao ministro providências para apurar a veracidade das conversas. A defesa classifica como montagem as capturas de tela anexadas à reportagem. De acordo com os advogados, Cid não escreve da maneira como é retratado nas mensagens e destacam que as capturas de tela não identificam data ou horário.
No acordo de delação, Mauro Cid pediu:
A colaboração premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de setembro de 2023. Ao firmar o acordo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixou a prisão. Ele estava preso desde 3 maio do mesmo ano, depois de ser alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacina do ex-presidente.
O tenente-coronel, por duas vezes, esteve ameaçado de perder os benefícios da delação. Em março de 2024, Mauro Cid ficou sob risco de perder a delação premiada após áudios vazados em que ele critica Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF).
Após prestar depoimento a Moraes no dia 22 daquele mês, para explicar o vazamento dos áudios publicados pela revista “Veja”, o militar foi preso novamente. Ele ou mal e chegou a desmaiar na audiência.
Mauro Cid foi solto em 3 de maio do ano ado por decisão do ministro Moraes, que manteve integralmente o acordo de delação premiada.
Na decisão, o ministro citou que o ex-ajudante de ordens reafirmou a “voluntariedade a legalidade do acordo” e ressaltou que os áudios divulgados pela revista Veja “se tratavam de mero ‘desabafo’”.
Em novembro de 2024, o ex-ajudante de ordens teve de prestar novos esclarecimentos ao magistrado após a Polícia Federal apontar contradição em suas declarações.
O acordo foi mantido após Mauro Cid dar detalhes da participação do general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro na disputa pela Presidência em 2022.
O ex-ministro da Casa Civil e da Defesa acabou sendo preso em dezembro. Desde então, está em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro.
Em novembro do ano ado, Moraes determinou o monitoramento das linhas telefônicas e das visitas de Cid depois de PF apontar contradições em sua delação premiada.
Diante das contradições apontadas pelo delegado responsável pelo inquérito, Gonet pediu a prisão preventiva do militar. O procurador-geral afirmou a Moraes que ficou demonstrado que Cid omitiu dados ou buscou minimizar situações de alta gravidade.
Moraes determinou então que Cid fosse ouvido. O ministro entendeu, no entanto, que, até que a nova audiência fosse realizada, para que os esclarecimentos necessários fossem obtidos sem interferência de terceiros, seria preciso monitorar as visitas, encontros presenciais de Cid e suas linhas telefônicas móveis e fixas.
Depois de ouvir Mauro Cid no dia 21 de novembro, Moraes manteve os benefícios da delação premiada do tenente-coronel. Moraes concluiu que o militar “esclareceu as omissões e contradições” apontadas pela PF.