Ele é réu desde o dia 26 de março, na ação que apura uma tentativa de golpe de Estado, após decisão unânime da Primeira Turma do STF.
"Fiz e dei o melhor de mim na Presidência, mesmo não esperando se eleger presidente. Eu não tenho obsessão pelo poder, tenho paixão pelo nosso Brasil [...] Obviamente não gostaria de ser condenado, até porque eu entendo que nada de que estou sendo acusado procede. Conto com os senhores e com o procurador também que tenham um julgamento isento", disse o ex-presidente.
Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser o líder de uma organização criminosa para mantê-lo no poder após as eleições de 2022.
De acordo com a PGR, ele teria formulado e editado minuta que previa estado de exceção no país, além de ter ciência do plano "Punhal Verde Amarelo", pensado para matar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes.
Segundo a investigação, Bolsonaro também atuou para disseminar informações falsas sobre a lisura das eleições e supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
A denúncia aponta ainda que, em dezembro de 2022, o ex-presidente recebeu de Filipe Martins, ex-assessor da Presidência, uma minuta de decreto que sugeria, entre outros pontos, a realização de novas eleições.
Bolsonaro teria feito alterações no texto e, depois de aprová-lo, ou a discutir o conteúdo com os comandantes das Forças Armadas.
A denúncia também menciona diversas reuniões como parte da articulação golpista. Uma delas ocorreu em julho de 2022, quando ministros do governo teriam discutido manobras para "virar o jogo" eleitoral.
Durante o depoimento, o ex-presidente afirmou nunca ter "jogado contra a Constituição" federal, além de pedir desculpas a Alexandre de Moraes e demais ministros da Corte por ataques feitos no ado, afirmando que não ter “indícios” quando o acusou de estar recebendo propina por fraudar a eleição.
De acordo com o magistrado, Bolsonaro teria dito, durante uma reunião com embaixadores, que “algo de esquisito” estava acontecendo no Brasil e que “perder uma eleição não tem problema nenhum, nós não podemos perder a democracia numa eleição fraudada”.
Se condenado, Bolsonaro pode ficar inelegível até 2061, avalia especialista ouvido pela CNN. Atualmente, o ex-presidente já está fora da disputa até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).